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Mais uma da gaveta. Sobre a seca que assusta nosso Cerrado, sobre os corações secos que secam o molhado… Sobre a resiliência, desafio cotidiano dos cerratenses, sejam eles povo planta, povo bicho, povo gente.
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Do olho d’água,
a esperança,
veredas que geram
buritis a crescer.
São olhos abertos,
na busca de ver,
o sertão cerratense
a sobreviver.
Dos olhos cerrados,
a ignorância,
criando o fim
do que fingem não ver.
A monocultura
da falta de ser,
pois preferem aquilo
que chamam de ter.
Será que o olho d’água
não chora de dor,
por ver tanta mata
que já se acabou?
Ou será que a esperança
é quem não vai findar?
Pois os olhos cerrados
também podem chorar.
Key Dias — Janeiro de 2017
Linda poesia.
Salve Guimarães Rosa!