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A qualquer hora
Elas ouvem o chamado
Caminhando lado a lado
Com a fé e a coragem
Altar firmado
Em rezo e com ciência
Recebem com paciência
Almas que pedem passagem
São feiticeiras
Curandeiras dos agoras
Cuidadoras das auroras
E das noites de acolhida
Filhas da Lua
Cientistas da intuição
Presença que dá a mão
À mulher que gera a vida
Son las comadres
Que renovam a linhagem
De toda mulher selvagem
Que não teme a escuridão
Pois quando a luz
Abre o mistério do mundo
Até o medo mais profundo
Se rompe na criação
Sabedoria
Em sentir bem o limite
Que a natureza permite
À história de cada ser
Da Mãe Antiga
Recebem essa ‘sabença’
E com ela dão a ‘bença’
A quem vem aqui viver
São professoras
Que estudam a natureza
E aprendem com inteireza
Sobre a morte que é nascer
Que sigam fortes
Partejando a própria vida
Com a alma destemida
E a mestria a florescer.
Maio / 2020

Com elas, aprendo que viver e morrer é uma mesma nota, em diferentes tons. É o mesmo OM, expandindo e contraindo, desavessando o mapa antigo da existência. Com elas, aprendo sobre coragem, confiança, magia, ciência e concentração. Aprendo que perfeito é tudo o que é feito com o coração. Aprendo sobre encarar desafios e aceitar quando se sabe que não se dá conta. Aprendo sobre humildade e sobre a umidade de ser água, mesmo quando terra, fogo, ar e éter também são.
Sou cercada por elas há alguns anos, não sei se por acaso do destino ou das memórias que vou parindo aos poucos. Mas sei que esse cordão umbilical me atravessa, de algum jeito.