Mergulhar-se,
aprofundar-se,
tocar o chão
do alto-mar
do peito.
Janeiro/2022
Mergulhar-se,
aprofundar-se,
tocar o chão
do alto-mar
do peito.
Janeiro/2022
(soprado por Fernando Pessoa)
Tens pressa de quê?
Acaso não recordas
que o tempo maduro
é quem dá o sabor
dos doces frutos
do prazer?
Entre o tempo de querer
e o tempo de ser,
recolha-te ao teu coração.
Pois o ego gritará
meias verdades que te servem,
mas não te são.
Março/2022
Tomada de lonjuras
Fui lambida por silêncios
Sucumbindo essa errância
De ter sempre o que dizer
E ainda que eu diga
Insiste um silêncio nu
No hiato das palavras
Escondidas do querer
Eu bem queria
Mas prefiro a poesia
Que não tem despertador
Dessas que, nem tão cedo
Te acordam pelo peito
Pra despetalar a dor
Abril / 2020
.
Acenderei mil velas
Firmarei meu ponto
Antes que o pranto
Dos desassossegos vis
Afogue meu rezo
Naquilo que não é meu
Quase nada é meu
Tão pouco seu
A não ser o rezo
O gozo do presente
E aquela intuição
Que dentro se sente
Por isso, acendo velas
Pra iluminar o canto
Do avesso das certezas
Que o tempo engoliu
E louvo
No altar do agora
A Santa Simplicidade
Que sempre nos sorriu
Janeiro / 2020