Eis que o mundo confiará
nas asas dos sonhadores.
Nelas, há raízes lunares,
que não temem o dia,
e há dias na mata,
que não temem as noites.
Celebremos!
Sonhos voam sem amarras,
abertos ao céu da coragem
e ao infinito do não saber.
.
Nasci querendo ser velha.
Desde menina admirava os cabelos brancos,
as linhas de expressão,
a quietude de quem transmutou-se
e sabe o que realmente importa.
Cansada do fulgor juvenil,
sonhava com as cadeiras de balanço,
o chá dos crepúsculos
e o olhar de quem aprendeu o afinamento
da sagrada relação com o tempo.
Mas é claro que tropecei.
Acaso não é o percorrer da juventude
a matéria-prima da sabedoria anciã?
Sem outro caminho de sentido,
aceitei ser jovem e não saber.
Foi então que a amadurecência chegou,
trazendo a poesia de minha criança
que anseia apenar ser o que é.
Aceitei viver com o pé no chão,
sem perder de vista as estrelas.
Não há inverno sem outono,
nem outono sem verão,
e eu, ainda primavera,
aprendi que a presença dos dias
é quem faz a beleza das idades.