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Nasci querendo ser velha.
Desde menina admirava os cabelos brancos,
as linhas de expressão,
a quietude de quem transmutou-se
e sabe o que realmente importa.
Cansada do fulgor juvenil,
sonhava com as cadeiras de balanço,
o chá dos crepúsculos
e o olhar de quem aprendeu o afinamento
da sagrada relação com o tempo.
Mas é claro que tropecei.
Acaso não é o percorrer da juventude
a matéria-prima da sabedoria anciã?
Sem outro caminho de sentido,
aceitei ser jovem e não saber.
Foi então que a amadurecência chegou,
trazendo a poesia de minha criança
que anseia apenar ser o que é.
Aceitei viver com o pé no chão,
sem perder de vista as estrelas.
Não há inverno sem outono,
nem outono sem verão,
e eu, ainda primavera,
aprendi que a presença dos dias
é quem faz a beleza das idades.
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Muitos fatos, situações ou pessoas ganham maior importância para nós de acordo com a energia e atenção que damos a el@s. É claro que existem coisas inerentemente importantes ou que, pelo menos, deveriam ser, como a família, os amigos, o cuidado com a própria saúde, o respeito a si e ao próximo. Por outro lado, certos itens da nossa vida terrena são pautados em escalas de importância que vamos criando com o passar dos anos. É aquela velha história: “priorize as prioridades”. E como as prioridades mudam com o tempo…
Nesse ano de 2011, o mais transformador que tive em meus atuais 22 anos de vida (quase 23, diga-se de passagem), pude vivenciar diversas situações que me colocaram diante de questionamentos do tipo: será que isso realmente me importa? Será que tal pessoa realmente merece tanta atenção e carinho? Será que isso realmente me pertence? Para alguns, as respostas vieram, para outros, não, e para a maioria dos meus questionamentos a resposta foi um simples e pontual: espere.
Essa tem sido a minha missão atual, saber esperar. Porém, isso não equivale a ficar inerte e apenas aguardar pra ver o que vem adiante. Nada disso. Pelo contrário. Significa continuar a agir, focar, ter alvos certos, saber entender pra onde o fluxo da vida deve seguir. Tudo isso com a calma e a serenidade em entender que coisas acontecerão, mas nem por isso é preciso ansiedade por recebê-las. Pensar demais no que há de vir atrapalha o aproveitamento do que já veio e deve ser vivenciado.
E é nesse presente, no aproveitar o que está conosco, nesse instante que amanhã logo passará, onde devemos trabalhar o foco da nossa atenção sobre onde ou em quem compartilharemos energia (seja no campo físico, mental ou espiritual). Quando percebemos o sutil resultado em energizar algo, ou não, tudo se torna mais fácil de ser compreendido. E nada melhor que o tempo pra mostrar isso. Mas é preciso cuidado: não distribua bons sentimentos e boas energias apenas por esperar o mesmo em troca. Porque se assim for, não será verdadeiro. Mesmo que a semente do bem plantando hoje, com toda energia e atenção, não resulte em bons frutos imediatos, a colheita virá na hora certa e a safra será abundante.
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Por falar em saber esperar, nada melhor que uma Oração ao tempo. “Caetanear o que há de bom”…