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Há quase um ano atrás, escrevi aqui no Além “Uma Carta de Gratidão”. Era 19 de dezembro de 2011, quando externalizei parte das graças que eu dava naquele meu aniversário de 23 anos. Hoje, dias depois das minhas 24 primaveras e dias antes da chegada de 2013, sinto de escrever novamente.
Sempre senti os efeitos planetários nos dias próximos aos meus aniversários. Mesmo antes de entender sobre assuntos etéreos, digamos assim, eu sentia uma instrospecção e um estado diferente de reflexão, algo que, muita vezes, me levava a uma melancolia juvenil. Hoje, depois de começar a compreender com consciência a caminhada de mim mesma, sinto uma conexão muito mais profunda com este momento. É o universo, os planetas e as estrelas num alinhamento similar ao de quando nasci. E nesse fluxo de energia que emerge e imerge de mim, vários insights e ensinamentos se apresentam com mais intensidade (ou será que eu é que tô conseguindo enxergá-los e ouví-los?).
Sinto que esse tempo que parece encolhido e apressado é um pedido claro do universo para que nos alinhemos com firmeza e com foco. Não há mais tempo para perder! E se aparentemente perdemos, porque erramos, é hora de olhar para os deslizes como observador e como alguém que se coloca no papel de aprendiz. Assim como diz um dos mestres da minha trajetória, Paulo Freire, aquele que aprende se torna “um real sujeito do saber ensinado”. E não há mesmo como encontrar nosso “real sujeito”, nosso Eu Verdadeiro, sem se colocar como aprendiz, como um grãozinho de areia a ouvir o imenso mar da vida. E, sendo aprendiz, a revolução silenciosa se faz na troca que vai costurando todos os seres: um aprende e ensina, com outro que ensina e aprende, junto com outro que faz o mesmo com outros e com toda a teia, a roda da vida.
E por falar em revolução, em Paulo Freire e na inspiração que recebo dele em relação à “justa ira” e à educação como intervenção no mundo, há uma palavra que retornou para a minha vida com força: a tal da rebeldia. A rebeldia do aprendiz. Se rebelde é aquele que “se rebela contra a autoridade constituída”, que nos rebelemos contra a normose que tanto ilude a nossa sociedade moderna em padrões. Que aprendamos a ser andorinhas, beija-flores e qualquer outro sinônimo para um ser livre e indomável na liberdade, folha a voar na leveza de ser o que se é. E que cada um seja indomável na sua verdade, seja ela qual for. O mundo precisa dos espiritualistas, dos militantes, dos silenciosos, dos que se fazem ouvir, d@s pret@s, d@s branc@s, d@ jovem, d@ velh@, d@ madur@, d@ imatur@, de tod@s! Como aprender se não na unidiversidade?
Diante de tantas transformações pessoais e coletivas, cada vez mais evidentes e visíveis, é importante caminhar com passos firmes e concretos. Cuidar pra não desviar a rota da intuição! A oferta e as oportunidades de passatempos são inúmeras e tentadoras. Mais sabedoria e leveza têm aqueles que não se distraem ou que têm consciência da sua distração. Mas como?? O silêncio é uma importante chave. O silêncio não apenas da voz, mas, e principalmente, o silêncio da mente, da nossa mente que tanto mente. Que possamos ouvir a criança sábia e espontânea que mora dentro de nós. Que possamos deixar de lado a pose de “adulto”, de quem sabe tudo de si, para ver de fato o avesso das nossas máscaras, o verso que nos faz existir, a poesia encantada escrita pela Fonte. A poesia que é cada um de nós!
Key Dias – 24.12.12
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