Nenhuma a menos
É um grito necessário
Olha no noticiário
Ainda ousam nos matar
Pois gritaremos
E nem chame de exagero
O machismo é um vespeiro
Mas você vai escutar
O nosso canto
Nossa força, nosso grito
Nossa luta, nossos ritos
Até depois disso acabar
Nós despertamos
O silêncio foi quebrado
E os direitos conquistados
São passos do caminhar
Continuamos
Por todas e pela vida
Por Magô e Margarida
Por Mariele, presente
Transformaremos
Nossa dor em rebeldia
Até que a covardia
Sussurre longe: ausente.
Janeiro/2020
Maria da Glória Poltronieri (Magô) foi assassinada no dia 26 de janeiro de 2020, em Maringá (PR). Foi vítima de feminicídio em um momento de rito e de conexão da sua alma com a natureza. Infelizmente, mulheres ainda são violentadas todos os dias. Não conheci Magô, mas falo dela aqui pela proximidade com a Capoeira e amigos em comum. Por ela e por todas, em todos os cantos do mundo, cantamos, poetizamos, rezamos, pintamos e gritamos: #paremdenosmatar.
Eis que o mundo confiará
Nas asas dos sonhadores
Nelas, há raízes lunares
Que não temem o dia
E há dias de graça
Que não temem as noites
Celebremos!
Sonhos voam sem amarras
Para dançar em peitos nus
Abertos ao céu da coragem
E ao infinito do não saber.
Renove
O que te move
Pra fazer da presença
Estrada livre a percorrer
E ainda que queiras
Viver sempre o mesmo
Repare que tu mesmo
Não é o mesmo que achou ser
Recria
O que te inspira
Pra fazer da beleza
A simplicidade do teu ser
E ainda que insista
Em ver a vida com dureza
Repare que a beleza
É maior que o que se vê
Celebra
A tua entrega
E faz da confiança
A linguagem do viver
E ainda que a descrença
Apareça ao meio-dia
Repare que a alegria
Sempre espera por você